V ideo
Nos primórdios do microcomputador (SINCLAIR ZX-80, APPLE II, TRS-80) o televisor doméstico era o principal periférico do sistema. Mas com o alargamento do mercado consumidor logo surgiram fabricantes de monitor de vídeo - um televisor projetado especialmente para o computador. Junto com ele apareceram vários padrões - Hércules, CGA, EGA - de maneira que determinada marca de monitor poderia ser pendurada em qualquer modelo de microcomputador. No presente o VGA ("video graphics array") introduzido pela IBM no PS/2, e sua versão incrementada SVGA ("super VGA"), assumiram como padrão mundial de vídeo para microcomputadores.
Na verdade o padrão VGA/SVGA refere-se à interface ligando o computador ao monitor, mas por extensão fala-se "monitor VGA/SVGA". Em alguns computadores a interface SVGA já está embutida nos circuitos da motherboard, bastando ao usuário encaixar o cabo do monitor ao respectivo conector. Em outros modelos uma placa adaptadora SVGA deve ser instalada no slot e dela retirada a conexão para o monitor. Observe que a interface SVGA segue um dos padrões ISA, VLB, etc.
Televisor e monitor de vídeo diferem apenas nas frequências de trabalho e na inexistência de seletor de canais no segundo (o computador é o único canal transmissor para o monitor), de resto têm o mesmo esquema de operação: um feixe de elétrons, emitido por aquecimento no início do cinescópio (sua parte mais fina), é atraído pela alta voltagem (CUIDADO - CERCA DE 20.000 VOLTS) no fim dele (a parte mais larga), provocando iluminação de pontos na tela. Circuitos eletromagnéticos desviam o feixe para a lateral e para baixo, obrigando-o a um percurso semelhante à leitura de uma página de livro (linhas da esquerda para a direita, de cima para baixo). Os pontos iluminados na tela demoram a se apagar, formando a ilusão ótica de uma imagem.
No vídeo as cores são três feixes eletrônicos independentes - R ("red", vermelho), G ("green", verde), B ("blue", azul) - cada um ativando sua respectiva cor na tela. A combinação de R, G, B forma as demais cores. Continuaremos a referir a um só feixe, por simplicidade, mas o leitor deve estender a lógica do raciocínio para os três.
Do início da linha até a extrema direita o feixe fica ativo (variando de intensidade conforme os pontos da imagem) - é o traço. Aí no final ele é apagado e volta ao lado esquerdo - retraço. Como o feixe é continuamente desviado para baixo, ao terminar o retraço ele estará ligeiramente abaixo da linha anterior, começando a varrer nova linha horizontal. Chegando na parte inferior (piso) da tela o feixe é apagado e reposto na parte superior - retraço vertical - para começar nova varredura da tela. Cada varredura da tela é denominada quadro (ou "frame").
Pesquisas ótica indicaram que apresentando menos de 30 quadros por segundo torna perceptível o apagamento do retraço vertical, provocando um efeito desagradável de cintilação. Por outro lado, mais de 30 quadros por segundo é muito rápido e não deixa os pontos iluminados da tela persistirem na vista do telespectador, desfazendo a ilusão ótica da imagem. No televisor optou-se por um compromisso, chamado interlace - o quadro tem 525 linhas horizontais, primeiro o feixe varre as 262,5 linhas ímpares e depois as 262,5 pares, ambas varreduras com 60 Hz. Esta frequência é suficientemente alta para evitar a cintilação; as linhas ímpares são quase iguais às pares, como se fosse um só quadro apresentado duas vezes, resultando metade da velocidade, 30 Hz, o que garante o efeito da persistência.
No televisor é padronizado (Brasil, EUA, Japão) que o quadro seja varrido em (1/60) segundos= 60 Hz. Já a frequência horizontal é de 15 750 Hz, ou seja, 15 750 linhas por segundo. Portanto, o número de linhas varridas em um quadro é:
15 750 linhas por segundo = 15 750 linhas por quadro =
60 quadros por segundo 60 = 262,5 linhas por quadro
Monitores de vídeo têm telas com revestimento especial, permitindo-lhes maior liberdade quanto às cintilações e à persistência. Assim eles não seguem as frequências padronizadas 15 750 Hz e 60 Hz, também dispensando o interlace.
A tela é internamente revestida de pigmentos que se tornam pontos iluminados ao serem atingidos pelo feixe eletrônico. A distância horizontal entre esses pigmentos (cerca de 0,3 mm) é denominada dot pitch, sendo característica do televisor/monitor e não do padrão (EGA, VGA, SVGA). Por outro lado a menor região da tela que pode ser programada como um só ponto iluminado - isto é, um conjunto de pigmentos atingidos simultaneamente pelo feixe eletrônico - é chamado pixel, ou pel, e depende da interface usada. A figura 7-2 ilustra a dependência entre dot pitch e pixel.